12º seminário de emergência ambiental debate desafios em inovação e acesso às tecnologias

Qua, 06 de Outubro de 2021 15:02

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 Foto: Reprodução/Youtube

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Representante da ANM apresentou o "Panorama e Gestão dos Riscos nas Barragens de Mineração"

 

Aspectos que envolvem a prevenção e resposta às emergências ambientais no Estado de Minas Gerais foram abordados por especialistas na área durante o 12º Seminário de Emergência Ambiental 2021, evento promovido pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), por meio da Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Perigosos - CE P2R2 Minas, nessa terça e quarta-feira (5 e 6/10). As palestras trataram dos desafios, inovações e acesso a tecnologias no processo de gestão de riscos das emergências ambientais.

 

O debate considerou ainda a sociedade como parte desse processo, destacando que as pessoas precisam também estar preparadas e incluídas nas ações de prevenção e resposta, não apenas como parte do problema, mas principalmente como parte da solução. A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Melo; o presidente da Feam, Renato Brandão e a diretora de Instrumentos de Gestão e Planejamento Ambiental da Feam e presidente da Comissão Estadual P2R2 Minas, Patrícia Fernandes, participaram da abertura do evento, que contou no primeiro dia com a contribuição de quatro palestrantes.

 

As apresentações do primeiro dia de debate demonstraram que o planejamento estratégico desenvolvido com a participação comunitária, a iniciativa privada e o poder público são a base da gestão de riscos para antecipar soluções integradas para a tomada de decisão efetiva, evitando danos ao meio ambiente, à saúde e ao bem-estar da população e ainda ao futuro das comunidades.

 

A secretária Marília Melo ressaltou que é preciso trabalhar efetivamente na mitigação dos riscos e na preparação e prevenção das emergências ambientais, sejam na indústria ou nas rodovias. “Não existe risco zero, então, a resposta precisa ser rápida para que haja redução e rapidez na recuperação dos danos que impactam o meio ambiente”, observou.

 

O presidente da Feam, Renato Brandão, salientou o quão complexo são os acidentes ambientais e falou da necessidade da troca de experiência com vários atores. “O seminário é uma oportunidade de escutar vários especialistas em suas áreas de atuação e analisar a emergência ambiental sob vários aspectos”, disse.

 

COVID-19

 

Pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz e coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastre em Saúde e Observatório Covid-19 da Fiocruz, Carlos Machado de Freitas, colocou em debate o tema “Atendimento às emergências ambientais complexas”, e destacou que toda emergência é precedida de um cenário de riscos. Ao fazer um paralelo com a Covid-19, ele lembrou que durante uma pandemia podem ocorrer diversos acidentes, uma vez que ela não anulou o funcionamento de uma sociedade.

 

Carlos Freitas apresentou exemplos de acidentes ambientais e defendeu a ideia que as fontes de riscos são surpreendentes e não previstas sistematicamente. “Às vezes surgem uma cadeia de eventos não esperados que desencadeiam num grande acidente ambiental. Os casos são inusitados e é preciso aprender a tirar lições do passado”, disse.

 

Além disso, observou que a partir de um evento de emergência a complexidade de novos cenários de riscos se ampliam no tempo e no espaço. “O sistema é aberto e em constante mutação. Uma emergência cessa, porém, existem consequências que se ampliam no tempo e no espaço, desencadeando uma sobreposição de eventos, danos e riscos efeitos sobre a saúde”, explicou.

 

MINERAÇÃO

 

O chefe da Divisão de Segurança de Barragens da Agencia Nacional de Mineração (ANM), Claudinei Oliveira, apresentou o “Panorama e Gestão dos Riscos nas Barragens de Mineração”. Ele abordou as competências da ANM de fiscalizar, controlar, supervisionar atividades, analisar documentação, controlar entregas da Declaração de Condição de Estabilidade de Barragem de Mineração (DCE), além da evolução da legislação sobre segurança de barragem e as inovações atualizadas sobre consultorias e profissionais em barragens e qualificação mínima.

 

Claudinei apresentou gráficos demonstrando a categoria de riscos das barragens e o número de fiscalizações realizadas no país e no Estado de Minas Gerias nos anos de 2020 e 2021, além de casos concretos de ações emergenciais em acidentes de barragens com respostas rápidas e minimização das consequências. O Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração (SIGBM), plataforma onde todas as informações cadastrais e técnicas das barragens são inseridas, também foi apresentado pelo representante da ANM.

 

O palestrante e professor de Engenharia de Incêndio da PUC, Geraldo Alves Rodrigues falou sobre a “Gestão de Riscos e Sistemas Complexos”. Para o professor, a gestão de riscos compreende em atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que se refere a riscos. De acordo com ele, o Sistema com grande número de agentes ou elementos que interagem com comportamentos emergentes não triviais e auto organizados pode ser definido como sistemas complexos.

 

Em sua concepção o evento de topo deve ser avaliado e analisado de forma a eliminar riscos, tornar inerentemente seguro, prevenir, realizar projetos, procedimentos, inspeções, controle do processo, realização de planos de emergência e comunicação, além da mitigação e redução dos impactos. Ele apresentou exemplos de eventos típicos que mostraram a perda de controle. Um deles foi a explosão na Refinaria de Paulínia quando os controles preventivos e as medidas de mitigação falharam.

 

O professor citou, ainda, as ferramentas necessárias para que não haja perda de controle como análise de confiabilidade, de falhas, de riscos de projetos, de materiais, da mão de obra, ensaios e testes das condições operacionais simuladas, análise quantitativa de riscos, modelagem matemática. Citou ainda a análise de consequências e vulnerabilidade, planos de emergências, equipamentos de resposta e simulações.

 

Para Geraldo Rodrigues é preciso haver mudanças nos modelos de gestão e o desafio é manter a estabilidade dos sistemas e a qualidade de uma situação no tempo com alguma regularidade. “Um dos princípios básicos da gestão de risco é a disciplina operacional e a habilidade de fazer certo o tempo todo”, disse. Ele também abordou os aspectos legais da gestão de riscos nas refinarias, dutos terrestres, parque de tancagem de gases, transportes rodoviário e ferroviário, além do impacto da pandemia na gestão de riscos. “A pandemia impactou treinamentos, reuniões, simulados, seminários e a manutenção de inspeções”, comentou.

 

A gerente da SGI da Cofins Transportes, Cristiane Pilar, palestrou sobre a “Gestão de Riscos no Transporte Rodoviário de Cianeto de Sódio”, e falou sobre as medidas para prevenir acidentes de trânsito com o produto. Cristiane Pilar falou sobre o uso e aplicações do Cianeto de sódio e suas formas, além das reações químicas do produto com água, oxidantes e ácidos. Ela disse que o transporte de Cianeto de Sódio em solução é efetuado em isotanques, que são projetados especificamente para transportar produtos perigosos. “Já em sua forma de briquetes e pó, o produto é acondicionado em embalagens tipo big-bag com saco plástico interno e protegido por caixa de madeira”, disse.

A gerente disse também que todas as tecnologias são monitoradas por uma torre de controle e os motoristas recebem treinamentos periódicos para o transporte de Cianteto de Sódio, incluindo simulado de emergência, além de levar com eles um kit de emergência determinado pela NBR 9735 e kit de antídotos.

 

Entre as ações para prevenir acidentes, a gerente citou: trabalhar com frota de veículos própria, rastreamento e telemetria, controle de velocidade e frenagem, instalação de câmera na cabine para avaliar o comportamento dos motoristas e rotograma, acompanhamento em tempo real de onde a carga passa.

 

O segundo dia de eventos acontece nesta quarta-feira (6/10) e aborda a importância do acesso e da aplicação de novas tecnologias para constituir elementos que agreguem valor e podem permitir a gestão participativa e adequada ao gerenciamento de riscos tecnológicos ambientais, aos quais todos somos submetidos no dia-a-dia.

 

Assista aos vídeos, na íntegra, no canal @MeioAmbienteMinas Gerais, no YouTube.

 

APRESENTAÇÕES:

 

Atendimento às Emergências Ambientais Complexas - Carlos Machado de Freitas

Panorama e gestão dos riscos nas Barragens de Mineração - Claudinei Oliveira Cruz

O Desafio da Gestão de Riscos em Sistemas Complexos no setor de petróleo e gás - Geraldo Alves Rodrigues

Gestão de Riscos no Transporte de Cianeto de Sódio - Cristiane do Pilar Albergaria

Prox - Sistema de Gestão de Risco - Multiplicando Segurança - Lucas de Almeida Persilva Vianna

Ações do DNIT para a prevenção e mitigação de impactos ambientais decorrentes de acidentes com produtos perigosos e a segurança do tráfego das
combinações de veículos com dimensões excedentes - Edson Aires dos Anjos

"Primeiro no Local” - Desafios para a resposta imediata em acidentes envolvendo o transporte de produtos perigosos - Mauro de Souza Teixeira

O impacto das tecnologias embarcadas na prevenção de acidentes - Sérgio Sukadolnick

 

Wilma Gomes
Ascom/Sisema