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Webinar debateu a prioridade estratégica de minimização da geração de resíduos e compartilhou conhecimentos e experiências
O webinar “A logística reversa de embalagens no contexto da economia circular: da concepção das embalagens até o retorno ao ciclo produtivo” abriu as comemorações da Semana do Meio Ambiente, nesta segunda-feira (6/6), com sessões técnicas. O objetivo do debate foi discutir a prioridade estratégica de minimização da geração de resíduos e compartilhar conhecimentos e experiências na atuação da promoção de ações de implantação, avaliação e gestão da logística reversa de embalagens.
Abrindo as apresentações, Fabrício Soler, da Felsberg Advogados Associados, observou que existe uma previsão na Política Nacional de Resíduos Sólidos de investimentos, por parte do setor privado empresarial na melhoria nos produtos, para eles estarem aptos a reutilização e reciclagem, e gerem a menor quantidade de resíduos. Ele lembra que a implantação de sistemas de logística reversa é algo que o Brasil já tem certa experiência.
“A logística reversa, propriamente dita, vem desde 2015 com acordo setorial do setor de embalagens. Em 2018, foi firmado termo de compromisso para as embalagens de aço e, em 2020, para as embalagens de alumínio”, disse. Segundo ele, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos traz importantes contribuições para a economia circular, no design, na produção e no comércio.
Fernanda Romero, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), observou que na semana que se comemora o Dia Mundial dos Oceanos, a discussão mostra o impacto que a falta, ou uma estruturação ainda incipiente, de sistemas de logística reversa de resíduos provoca nos corpos d´água. “O olhar ainda é de economia linear (aquela onde há descarte) e iniciativas de gestão ainda estão concentradas nesse modelo”, destacou. “Um estudo realizado pela ISWA indicou que 80% de todo o resíduo identificado nos oceanos, provêm dos continentes”, completou.
MINAS GERAIS
Jessica Doumit, da Eureciclo, mostrou que, no Brasil, apesar de 90% do lixo ser coletado, apenas 3% é reciclado. Ela citou como avanço o rastreamento da origem do material feita a partir das notas fiscais e, pelo Sistema Manifesto de Transporte de Resíduos (MTR), já implementado em Minas Gerais.
Ela observou que a reciclagem existe quando há viabilidade técnica e econômica. “Em Minas Gerais, a Eureciclo tem oito parceiros responsáveis pela compensação de 4 mil toneladas de resíduos”, disse.
O diretor-executivo do Instituto Rever, Fernando Rodrigues, explicou que a entidade gestora trabalha um modelo de parceria da indústria e de todos que precisam fazer a logística reversa, com operadores de resíduos, incluindo associações e cooperativas de catadores, que já operam tradicionalmente a logística reversa, com know-how, com capacidade de fazer bem feito, porque são especialistas. “Elas (associações e cooperativas) realizam a coleta, triagem, beneficiamento e comercialização de materiais recicláveis e a gente (a entidade gestora) agrega valor a tudo isso utilizando tecnologia, transparência e rastreabilidade”, afirmou.
AMPLIAÇÃO
O presidente da Associação Nacional de Catadores (ANCAT), Roberto Laureano Rocha, observou que catador de materiais recicláveis é uma profissão, regulada pelo CBO (Classificação Brasileira de Ocupações). Segundo ele, atualmente, a ANCAT acompanha 512 organizações, 19 mil catadores e 269 cidades de 27 estados e do Distrito Federal. Elas são responsáveis por um total de 464 mil toneladas de materiais recicláveis. Segundo ele, há preocupações que atingem os catadores, tais como comercialização com intermediários, a destinação de materiais para coprocessamento, a existência de concorrência de outros operadores privados e prefeituras, que acabam excluindo os catadores, e o pouco investimento em estruturação das organizações.
César Facio, secretário-geral da Coalizão Embalagens, destacou que a coalisão agrupou programas já existentes, de grandes fabricantes de bebidas, operacionalizando um modelo cuja estratégia é apoiar a estruturação das organizações de catadores. Entendemos que só dessa forma, vamos conseguir ampliar o sistema de logística reversa de embalagens, ao longo do tempo”, ponderou.
Dione Maneti, CEO da Pragma Soluções Sustentáveis, observou que, “se não ampliarmos a capacidade de recuperação de materiais de logística reversa, na base da cadeia da reciclagem, as organizações de catadores, teremos um desequilíbrio a curto prazo, entre demanda e oferta, teremos muita legislação exigindo e pouca oferta de resíduo. Ele destacou o Programa Recupera, voltado para logística reversa. “Atualmente, em Minas Gerais, trabalhamos com 18 Associações de Catadores”, afirmou.
Já Fernando Bernardes, da Central de Custodia, explicou o trabalho da organização que é um verificador independente. “A Central não comercializa resultados (certificados, créditos, etc) de logística reversa de embalagens em geral. Sua função é autenticar o processo, evitando a colidência de notas fiscais e duplicidade na contagem de massas de embalagens recolhidas pelos sistemas de logística reversa de todo o Brasil.
Bernardes observou ainda que a Central de Custodia possui uma plataforma de checagem que foi disponibilizada em outubro de 2021. “Em abril já haviam sido verificadas 298 mil toneladas e a expectativa é que, em 2022, sejam 853 mil toneladas”, informou. Em Minas Gerais, foram verificadas 17 mil toneladas de material reciclável.
SEMANA MEIO AMBIENTE
A Semana do Meio Ambiente é coordenada pela Fundação Estado de Meio (Feam) e terá atividades até o dia 10 de junho, com a realização de oficinas, palestras, mostra de desenhos, dentre outras atividades. A moderação do Webinar foi realizada pela diretora de Gestão de Resíduos da Feam, Alice Libânia.
A programação completa da Semana do Meio Ambiente 2022 está disponível no link
Clique abaixo para visualizar as apresentações dos palestrantes convidados:
- Fernanda Romero, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe)
- Jessica Doumit, da Eureciclo
- Fernando Rodrigues, diretor-executivo do Instituto Rever,
- Roberto Laureano Rocha, presidente da Associação Nacional de Catadores (ANCAT)
- Fernando Bernardes, da Central de Custodia
Emerson Gomes
Ascom/Sisema
