O Governo de Minas vem intensificando as ações para a conservação das veredas, ecossistema responsável por uma parte significativa do abastecimento dos mananciais que formam os rios na região do Cerrado. No Estado, ocorrem principalmente no oeste e norte, formando inúmeros afluentes do rio São Francisco.
O Instituto Estadual de Florestas (IEF) vem implantando projetos de sensibilização das comunidades que vivem nas áreas de ocorrência de veredas. O diretor-geral do IEF, Humberto Candeias Cavalcanti, observa que o Instituto está aumentando os contatos com os produtores rurais para diminuir os desmatamentos para limpeza de terrenos para plantio. “As ações de orientação para uso correto do fogo são um dos principais focos de ação, especialmente no período mais seco do ano, de maio a outubro”, afirma Candeias.
Ele destaca o trabalho realizado na região do rio Pandeiros, em Januária, no norte do Estado. “O projeto de desenvolvimento sustentável implementado na região gerou alternativas de trabalho e renda para os moradores”, afirma. “Hoje não são mais comuns os fornos de carvão que marcavam a paisagem da região há alguns anos”, observa.
Candeias ressaltou o trabalho de exploração sustentável do coco do babaçu, espécie utilizada para diversos fins, como a produção de óleos e até de carvão vegetal sem derrubada de árvores. “As populações locais já têm conhecimento sobre o uso, mas a falta de estímulo levou à opção mais simples que é o desmatamento para produção de carvão”, explica. Ele observa que a renda média de uma família com a utilização dos produtos do babaçu chega a R$ 700, enquanto a média com a produção de carvão é de R$ 50.
O diretor-geral do IEF destaca que a proteção das veredas tem de ser acompanhadas por outras ações como o controle do desmatamento e o estimulo ao plantio de florestas. “O IEF mudou o foco das operações de fiscalização dos caminhões de carvão nas estradas para a preservação das árvores que permanecem de pé”, afirma. “A criação e ampliação das áreas protegidas é uma solução urgente para a conservação das veredas”, completa. O ecossistema abriga inúmeras espécies da fauna e flora, inclusive 14 das 69 espécies de mamíferos brasileiros ameaçados de extinção.
Seminários
O 2º Seminário “Veredas, Oásis do Sertão - Até Quando?”, realizado nos dias 25 e 26 de junho de 2007 em Montes Claros, apresentou projetos e estudos que vêm sendo executados no Estado por diferentes órgãos, governamentais ou não, para a conservação e uso sustentável das veredas.
Realizado pelo IEF e pelo Centro para a Conservação da Natureza, com o apoio da Promotoria de Justiça da Bacia do São Francisco, o evento faz parte das discussões periódicas para elaboração de propostas de ações para preservação da biodiversidade em Minas Gerais. Até o final de 2007, três outros seminários serão realizados em diferentes cidades.
Entre as propostas apresentadas no Seminário, destaca-se a que estabelece a exigência de licenciamento ambiental para qualquer intervenção em áreas de veredas, independente do porte do empreendimento. Outra proposta é que as áreas de veredas deverão possuir zona de amortecimento com base no Zoneamento Ecológico do Estado de Minas Gerais, além da área mínima de 80 metros estabelecida pela Lei 9682 (1988), que declara o ecossistema como Áreas de Preservação Permanente. “O Estado estuda ainda a criação de incentivos fiscais para os proprietários rurais que possuam veredas e sua zona de amortecimento preservada”, afirma Humberto Candeias.
As propostas extraídas dos Seminários serão reunidas e apresentadas no 2º Congresso Mineiro de Biodiversidade (COMBIO), que será realizado em abril de 2008. “As proposições serão a base para a elaboração de políticas públicas para a conservação da biodiversidade em Minas”, afirma o diretor-geral do IEF, Humberto Candeias Cavalcanti.
